

Na noite do domingo (15), o Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos de Venda Nova (Gres Acadêmicos de Venda Nova) realizou o concurso para escolha da nova Rainha de Bateria da Venenosa 2020. O evento ocorreu na casa de shows e restaurante Fazenda Mineira, situada na Rua Cascalheiras, 52, Bairro Venda Nova, e sagrou como grande campeã a passista Efigênia M. de S. Pereira (Fify), 30 anos.
Ao todo, 12 dançarinas participaram da seletiva, a qual estava com inscrições abertas desde o dia 25 de novembro. O cadastro era gratuito. Passistas entre 18 e 43 anos de idade, de toda Região Metropolitana de Belo Horizonte e, inclusive, de Sabará, compareceram à disputa.
Enquanto o desfile para avaliação dos dez jurados não ocorria, o grupo musical “Samba Du’Bon” conduziu a festa. As passistas teriam dois minutos para apresentarem todo seu “samba no pé” e encanto, e seriam julgadas pelos critérios de coreografia, conjunto e harmonia.
Em seguida, a própria Bateria Venenosa comandou a apresentação das passistas com ritmos de “samba miudinho” e “samba de avenida”.
Quatro das concorrentes já atuavam como passistas no Gres Acadêmicos de Venda Nova, mas quem levou o prêmio de R$800 e o título de nova Rainha de Bateria 2020 da escola de samba campeã do Carnaval de Belo Horizonte de 2019 foi a quilombola Efigênia.
O segundo lugar foi ocupado pela passista Débora. Houve empate técnico no terceiro lugar, por isso, as dançarinas Fábia Costa e Raíssa dividiram a mesma colocação.


Dos quilombos urbanos aos palcos de Minas
Fify, como é conhecida pelos amigos e no meio artístico, é graduada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo (2012) pela Faculdade Estácio de Sá. Ela é moradora da Região Leste de BH, Bairro Taquaril, e traz o passado e cultura quilombola por meio das artes cênicas, nas quais profissionalizou-se pelo Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart) da Fundação Clóvis Salgado.
Neste ano, no dia primeiro de dezembro, a artista participou do concurso para escolha da Corte Momesca do Carnaval de Belo Horizonte de 2020. Ela disputou o cargo de rainha e ficou em terceiro lugar. Há cinco anos, Fify também desfilou como passista pelo Gres Acadêmicos de Venda Nova.
Segundo a artista, tudo começou com o pai, Jorge Luiz, que a levava desde pequena para acompanhá-lo em rodas de samba e eventos de carnaval. Além disso, Fify descende de uma família do quilombo urbano Manzo, situado no Bairro Santa Efigênia, em BH.
Ela dividia a vida entre morar com os pais no Bairro Taquaril e passar temporadas no Manzo, na casa da avó, Dona Efigênia, 76 anos, que é matriarca (Mãe Muiandê) do quilombo urbano.


Hoje, ela também trabalha com seis empresas de teatro para entretenimento diversos, musical e de mobilização cultural. Além disso, tem um projeto pessoal de teatro infantil autoral, em que conta a história de Dandara Zumbi dos Palmares, por meio de brinquedos e brincadeiras afro-brasileiras.
“Para mim, foi a realização de um sonho pessoal; de um projeto que começa até mesmo antes de eu nascer. O samba está incorporado em minha família há muitas gerações e é o nosso canto de alegria e de dor. Além de tudo, como eu nunca fui uma menina que as pessoas olhassem e considerassem esteticamente uma modelo – alguém digna de ser passista -, é também uma forma de mostrar para outras mulheres que nós podemos ser como quisermos. Basta sonhar e trabalhar para que isso possa acontecer”, diz Efigênia.
A faixa de Rainha de Bateria foi passada por Malu Agatão, que conduziu a Venenosa pela Avenida Afonso Pena durante o Carnaval de Belo Horizonte de 2019. Fify fará o primeiro ensaio com a escola de samba no 22 de dezembro.
O samba-enredo
O Gres Acadêmicos de Venda Nova escolheu o tema e samba-enredo do carnaval de 2020 neste novembro. Veja abaixo a letra da música que conduzirá os foliões da azul e rosa:



