

Apesar de Belo Horizonte ser uma cidade considerada jovem, completando 123 anos no dia 3 de dezembro, a política ainda mantém antigas tradições. A capital possui 41 cadeiras dedicadas a vereadores e vereadoras, mas, conforme dados acumulados durante os exercícios eleitorais, oferta menos oportunidades do que os candidatos imaginam.
No exercício eleitoral de 2012, após apuração das urnas, a Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) teve uma taxa de renovação calculada em 53% (22 novos vereadores foram eleitos e 19 se reelegeram).
Já nas últimas eleições municipais, ocorridas em 2016, após contagem de 100% das urnas, novamente o percentual ficou entre 50% e 60%. Na ocasião, 18 candidatos se reelegeram, enquanto 23 novos entraram para a CMBH.
Em 2008, o percentual de renovação era ainda mais baixo, com 17 novos eleitos (42%), enquanto 24 mantiveram-se na casa.
Dado relevante e que parece escapar dos mais antigos veículos de imprensa é que parcela desses novos candidatos eleitos (não reeleitos), estão saindo e voltando para a Câmara Municipal de maneira intercalada entre os pleitos. Ou seja, a renovação não é real se os números forem aprofundados.
Há décadas no cargo
Como exemplo, é possível citar o vereador Reinaldo Gomes de Souza, mais conhecido por Reinaldo Preto do Sacolão (MDB). O político foi eleito a primeira vez em 2008 e cumpriu mandato entre 2009 e 2012, ficou como suplente nas eleições de 2012 (não se elegeu, mas ficou no “banco de reservas”) e subiu ao cargo substituindo outro vereador de 2015 a 2016.
Nas últimas eleições municipais de Belo Horizonte, as de 2016, voltou a ser eleito e agora, em 2020, tenta a reeleição. Reinaldo Preto do Sacolão (MDB) foi considerado uma renovação da CMBH em 2016 pois não foi reeleito, mas estava na casa entre idas e vindas desde 2008 – 10 anos.
Outro exemplo é o vereador Leonardo Silveira de Castro Pires, mais conhecido como Léo Burguês (PSL). A primeira eleição vencida pelo candidato ocorreu em 2000 (mandato de 2001 a 2004), em 2004 (mandato de 2005 a 2008) ele não conseguiu se reeleger, o que o transformou em novidade para a Câmara Municipal em 2008, quando novamente foi eleito.
A partir de 2008, o candidato se reelegeu até os dias atuais, acumulando 16 anos na casa.
Para além dos vereadores que caem na esteira das eleições como novos candidatos por estarem intercalando mandatos, existem os de aparente cadeira cativa, como é o caso de Henrique Higídio Braga, de alcunha Pastor Henrique Braga (PSDB).
O pastor foi eleito a primeira vez, conforme a CMBH, em 1988 e exerceu o mandato entre 1989 e 1992. Depois, não conseguiu se reeleger em 1992, mas ficou no “banco de reservas” como suplente e substituiu um vereador entre 1995 e 1996.
Houve um hiato entre os anos de 1997 e 1999, quando não conseguiu se reeleger, mas voltou no final do mandato de outro vereador, novamente o substituindo entre 2003 e 2004.
A partir de 2004, Henrique Braga não perdeu mais eleições e se mantém todos esses anos na Câmara Municipal como vereador reeleito (2004, 2008, 2012 e 2016). Ao todo, são 24 anos como vereador em Belo Horizonte. Neste ano, tentará novamente.
Semelhante com Henrique Braga (PSDB), existe o vereador Arnaldo Augusto Godoy, de nome eleitoral Arnaldo Godoy (PT). A primeira vez que subiu à casa foi na eleições de 1992, com mandato entre 1993 e 1996. Depois, novamente sob as mesmas características de “banco de reservas” eleitos (suplentes), exerceu mandato de 1999 a 2000.
Em seguida, Arnaldo Godoy não parou de ser reeleito. Em 2000, foi definitivamente eleito e seguiu reeleição em 2004, 2008, 2012 e 2016. Está, ao todo, 26 anos como vereador de Belo Horizonte e tentará reeleição agora, em 2020.
Renovação ou velha política?
A palavra renovação parece não se encaixar na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH). Enquanto, aproximadamente, 1.000 candidatos e candidatas tentam se eleger, a cada pleito, para umas das 41 cadeiras “disponíveis” na casa, o número de vagas consideradas de livre concorrência e democráticas fica ainda mais enxuto quando se trata de representantes mulheres e negros e negras. Quiçá indígenas.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), são considerados etnicamente negros pessoas que se autodeclaram de cor parda ou preta. No censo de 2010, 45,4% dos mineiros se denominaram brancos, enquanto 53,5%, sob a mesma ótica de cores, disseram que são negros.
Em Minas, foi a primeira vez que houve registro verificado para população de mais negros que brancos. Quando se tratam de homens e mulheres, Belo Horizonte ainda tem outro fator importante: segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) de 2018, na capital, o gênero feminino representa 53,8% da população.
Esses dados refletidos em Belo Horizonte geram uma imensa discrepância de representatividade na Câmara Municipal. Dos vereadores eleitos, reeleitos e substitutos como suplentes desde o último pleito, houve apenas cinco mulheres empossadas. São elas:
- Áurea Carolina (PSOL), a qual foi eleita Deputada Federal em 2018
- Bella Gonçalves (PSOL), a qual substituiu Áurea Carolina em 2019
- Cida Falabella (PSOL)
- Marilda Portela (Cidadania)
- Nely Aquino (Pode).
Antes das eleições de 2016, o número de mulheres era ainda mais baixo. Apenas uma mulher foi eleita em 2012: Elaine Matozinhos (PTB).
Com respeito aos candidatos por etnia, muitos se consideram pardos e poucos autodeclaram-se pretos — apenas Áurea Carolina (PSOL) e Wesley Autoescola (PHS). Alguns, apesar da palavra no nome, como os vereadores Reinaldo Preto do Sacolão (MDB) e Preto (DEM), não trazem a autodenominação preta como cor.
Abaixo, vemos a lista de candidatos atualmente empossados e é possível perceber a homogeneidade de cor que permeia a CMBH:


Contudo, mesmo quando quantificamos os pardos, existem apenas nove. A soma de vereadores ativos da etnia em questão é de 24%, o que não representa a realidade belo-horizontina.
A Câmara Municipal de Belo Horizonte é ocupada há vários anos, em quase totalidade, por homens brancos cisgêneros. Além disso, os perfis que mais garantiram permanência na casa foram os de vereadores autodenominados pastores, professores e ligados a ambulâncias e famílias que já tiveram algum parente no cargo.
“Reeleição nossa de cada pleito”
Neste ano, dos 41 vereadores da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) em atuação, apenas quatro não tentarão se reeleger. São eles o Dr. Bernardo Ramos (Novo), Fernando Borja (Avante), Orlei (PSD) e Ronaldo Batista (PSC).
São, também, quatro candidatos que tentam a reeleição e têm ligação ou influência na Regional Venda Nova: Bim da Ambulância (PSD), Carlos Henrique (PTB), Dr. Nilton (PSD) e Nely Aquino (Pode).
Na esteira dos anos de cadeira na casa legislativa da capital, e atualmente em atividade, temos:
- Arnaldo Godoy (PT) – 26 anos na CMBH e tentará reeleição
- Pastor Henrique Braga (PSDB) – 24 anos na CMBH e tentará reeleição
- Preto (DEM) – 24 anos na CMBH e tentará reeleição(desde 1996 em reeleições consecutivas)
- Léo Burguês (PSL) – 16 anos na CMBH e tentará reeleição
- Autair Gomes (PSC) – 12 anos na CMBH e tentará reeleição (desde 2004 em reeleições consecutivas)
- Reinaldo Preto do Sacolão (MDB) – 10 anos na CMBH e tentará reeleição
- Bim da Ambulância (PSD) – 8 anos na CMBH e tentará reeleição
- Bispo Fernando Luiz (PSD) – 8 anos na CMBH e tentará reeleição
- Dr. Nilton (PSD) – 8 anos na CMBH e tentará reeleição
- Elvis Cortês (PSD) – 8 anos na CMBH e tentará reeleição
- Gilson Reis (PCdoB) – 8 anos na CMBH e tentará reeleição
- Jorge Santos (Republicanos) – 8 anos de CMBH e tentará reeleição
- Juninho Los Hermanos (Avante) – 8 anos de CMBH e tentará reeleição
- Orlei (PSD) – 8 anos de CMBH, mas não tentará reeleição
- Pedro Patrus (PT) – 8 anos de CMBH, mas não tentará reeleição
- Professor Juliano Lopes (PTC) – 8 anos de CMBH
- Professor Wendel Mesquita (Solidariedade) – 6 anos de CMBH e se candidatou a prefeito em 2020
ABAIXO OS CANDIDATOS CONSIDERADOS DA RENOVAÇÃO DE 2016 - Álvaro Damião (PSB) – 4 anos de CMBH e tentará reeleição
- Carlos Henrique (PTB) – 4 anos de CMBH e tentará reeleição
- Catatau do Povo (PSD) – 4 anos de CMBH e tentará reeleição
- Cida Falabella (PSOL) – 4 anos de CMBH e tentará reeleição
- Edmar Branco (PSB) – 4 anos de CMBH e tentará reeleição
- Eduardo da Ambulância – 4 anos de CMBH e tentará reeleição
- Fernando Borja (Avante) – 4 anos de CMBH, mas não tentará reeleição
- Flávio Santos (PSC) – 4 anos de CMBH e tentará reeleição
- Gabriel Azevedo (Patriota) – 4 anos de CMBH e tentará reeleição
- Hélio da Farmácia (PSD) – 4 anos de CMBH e tentará reeleição
- Irlan Melo (PSD) – 4 anos de CMBH e tentará reeleição
- Jair di Gregorio (PSD) – 4 anos de CMBH e tentará reeleição
- Marilda Portela (Cidadania) – 4 anos de CMBH e tentará reeleição
- Nely Aquino (Pode) – 4 anos de CMBH e tentará reeleição
- Pedrão do Depósito (Cidadania) – 4 anos de CMBH e tentará reeleição
- Pedro Bueno (Cidadania) – 4 anos de CMBH e tentará reeleição
- Wesley Autoescola (PROS) – 4 anos de CMBH e tentará reeleição
- Bella Gonçalves (PSOL) – 2 anos de CMBH e tentará reeleição
- Ronaldo Batista (PSC) – 2 anos de CMBH, mas não tentará reeleição
- Maninho Félix (PSD) – 2 anos de CMBH e tentará reeleição
- Dr. Bernardo Ramos (Novo) – 2 anos de CMBH, mas não tentará reeleição
- César Gordin (Pros) – 2 anos de CMBH e tentará reeleição
- Ramon Bibiano (PSD) – 2 anos de CMBH e tentará reeleição
- Dimas da Ambulância (PSC) – 2 anos de CMBH e tentará reeleição.
Fontes
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/belo-horizonte/panorama
http://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/municipios/2020/2030402020/41238/candidatos
https://www.cmbh.mg.gov.br/vereadores
Sou coordenador de Comunicação do Professor Juliano Lopes, vereador em BH e candidato à reeleição. Favor corrigir a matéria. Obrigado
Revisamos a matéria
desses 41 tira uns 3, o resto são bandidos da pior espécie.