Acadêmicos de Venda Nova escolhe novo samba-enredo, mas perde passista em acidente
De noite de comemorações a madrugada apreensiva, integrantes da GRES Acadêmicos de Venda Nova tiveram duas mulheres como protagonistas das emoções, Ester Sanches e a passista Ingrid Rosa (Didi)
Mestre-sala Dênis Ricardo - Ester Sanches - Porta-bandeira Iara Luíza - Foto - Filipe Diniz
Por William Araújo
O fim de semana do Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos de Venda Nova (GRES Acadêmicos de Venda Nova) foi do partido-alto ao resiliente pesar. No sábado (03), a partir das 19h, ocorreu no bairro São Paulo, na casa de samba “Curral do Samba”, o concurso de escolha do novo samba-enredo de 2019, que teve como vencedor o tema “Ester Sanches, a Embaixadora da Solidariedade”.
A alegria pela nova temática mal começou e precisou lidar com uma má notícia: a passista Ingrid da Conceição Rosa, conhecida como Didi, integrante da GRES há quatro anos, faleceu na manhã do dia seguinte (domingo) por complicações provenientes de um acidente de moto ocorrido durante a madrugada após o evento. Ela foi sepultada nesta segunda-feira no cemitério Belo Vale, em Santa Luzia.
O evento
Entre os cinco sambas-enredo concorrentes, o campeão foi o que traz a história de Ester Sanches. Uma das frases recorrentes da homenageada é “para ser solidário é preciso servir e amar”, segundo o vice-presidente da acadêmico Leo de Jesus.
Ester Sanches-Naek (Ester Pereira Sanches) é negra, natural de Belo Horizonte e com cidadania em Alvinópolis, fez carreira no atletismo mineiro e em seguida foi ao Estados Unidos em 1987 para treinar para as olimpíadas. Não foi convocada à época.
Lá trabalhou como faxineira, casou, foi admitida pela Universidade de Connecticut e formou-se em Fonoaudiologia e Espanhol. Segundo dados do Portal Uai, “fez Mestrado em Desenvolvimento Econômico de Comunidades pela Universidade de Southern New Hampshire. É juíza de Paz, notário público, capelã e tradutora oficial”.
Baiana Walquíria, Ester, Mandruvá e baiana Dica – Foto Filipe Diniz
Ester fundou a Comunidade Brasileira e o Centro Cultural de Hartford, em Connecticut, foi “conselheira titular do Conselho de Representantes de Brasileiros no Exterior junto ao Itamaraty”, segundo matéria do Portal Uai, e é uma das fomentadoras da Embaixada Americana em Belo Horizonte.
Ela criou a Associação dos Amigos Apaixonados por Alvinópolis, em Minas Gerais, e algumas premiações como Mulheres Brilhantes, Homem do Ano, e o Mês da História Afro-Descendente Brasileira. Neste ano, tentou se eleger para o cargo de deputada federal por Minas Gerais, mas não conseguiu.
Passistas e compositores da GRES Acadêmicos de Venda Nova – Foto Filipe Diniz
Veja abaixo a letra do novo samba-enredo da G.R.E.S Acadêmicos de Venda Nova:
G.R.E.S Acadêmicos de Venda Nova Samba-enredo: “Ester Sanches, a Embaixadora da Solidariedade” Compositores: Mário da Viola, Mauro Bainha, Mandruvá e Magnata Interprete: Mandruvá
O lema é servir, o verbo é amar Se o seu irmão cair, ajude a levantar A Venda Nova vem… Maravilhosa A terra treme quando passa a Venenosa
Nossa rainha voltou Hoje é festa de congá Bate tambor, toca viola, canta meu povo… Até o dia clarear Abram as cortinas A embaixadora do amor vai passar Ester Sanches… Em seu enredo a Venda Nova vem mostrar Nascida em Belo Horizonte Em Alvinópolis cidadã Visionária, guerreira e solidária Em busca de um novo amanhã
Adeus papai, mamãe… bye bye belô… Vou “correr”o mundo… Edificar a minha vida Quando a saudade bater meu coração vai doer Um dia eu volto, ó minha pátria mãe querida
Seu espelho, Nelson Mandela… Perseverança, amor e resistência Mahatma Gandhi em busca da paz Com as bençãos de Chico Xavier Nas terras do Tio Sam fez história Nossa querida Ester… De doméstica a juíza O Altruísmo em suas veias aflorou… Empoderou comunidades E países por onde passou Poliglota… Mestre em etiqueta internacional Coordenou nos Estados Unidos A campanha presidencial
A passista, de acordo com os administradores da agremiação, era uma das pessoas mais alegres do grupo e sempre contagiou os demais com o otimismo. Ela deixou Thalisson, o filho de cinco anos e a saudade no coração dos integrantes da escola.
Didi morava no bairro Belo Vale, em Santa Luzia, e participava de vários grupos culturais no vetor norte de Belo Horizonte, como os de quadrilha Pipoca Doce, Flor de Laranjeira e Pé Rachado.
Ingrid Rosa (Didi) – imagem produzida e cedida por Leo de Jesus
De acordo com Leo de Jesus, vice-presidente da agremiação, em seu blog sobre a temática carnavalesca, “a agremiação se sente órfã com esta perda e claro, os propósitos de Deus são únicos, por isso cabe a nós somente aceitarmos. Sentiremos muito esta perda, como já sentimos. As meninas se sentem desamparadas, mas buscando compreender o acontecido. Acreditamos no que ela passava pra gente, no amor pelo grupo e na participação e força de todas unidas. É nesta perspectiva que pretendemos seguir. Como dizem ‘o samba não pode parar’ e acreditamos que ela também gostaria que isto continuasse mesmo”.
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